A Praça Nereu Ramos: o patrimônio cultural como fomento da memória e identidade urbana

Categoria: Ciências sociais aplicadas: Arquitetura Imprimir Email

GRASIELE DE COSTA SCARDUELLI 

TERESINHA MARIA GONÇALVES

Resumo:

A praça é espaço livre público, é ambiente coletivo de múltiplos significados. A praça é local de vida urbana, onde ocorrem processos complexos de construção de identidade urbana, promoção da memória, significados e reconhecimento pessoal e interações entre o sujeito e seu ambiente construído. O patrimônio cultural é constituído por objetos físicos e dimensões simbólicas de um determinado espaço, que implica na construção da cidade e sua sociedade. Este trabalho trata-se se um estudo interdisciplinar sob a perspectiva da psicologia ambiental e da arquitetura e urbanismo sobre o ambiente urbano, realizada na Praça Nereu Ramos situada em Criciúma/SC.

Tendo como base a pesquisa desenvolvida no âmbito da dissertação de mestrado em Ciências Ambientais da primeira autora, o artigo pretende realizar uma reflexão sobre a Praça Nereu Ramos como elemento histórico ao processo de urbanização da cidade, bem como analisar a importância da preservação dos patrimônios culturais para compreensão da memória e identidade da sua população. Utiliza como metodologia a abordagem de pesquisa qualitativa, cujo método utilizado foi estudo de caso e a técnica de coleta de dados foi composta pelo inventário fotográfico, observações e entrevistas semiestruturadas realizadas ao longo da Praça. As análises dos dados foram realizadas por meio de análise de conteúdo e ou análise por conceitos chave.

Palavras-chave: Espaço Público. Percepção Ambiental. Lugar antropológico.

 

Introdução

O conjunto do patrimônio material de uma cidade é a materialização de sua história. É através dele que a população compreende sua identidade e produz o sentimento de pertencimento ao lugar. A conservação dos referenciais históricos em conjunto com sua paisagem urbana garante a compreensão, identificação e apropriação da cidade.  

A paisagem urbana é a soma dos espaços físicos de uma cidade com as intervenções sociais e a apropriação do homem ao lugar.  É a partir da leitura histórica das edificações inseridas na sua paisagem urbana, que podemos interpretar e decifrar seus significados. A apreensão urbana é perdida devido à crescente homogeneização das cidades que descaracterizam as áreas históricas centrais devido à falta de preservação dos elementos urbanos.

O município de Criciúma está inserido em uma região de grande riqueza cultural, colonizado por imigrantes vindos de diferentes países, mas não possui políticas eficientes que assegurem a preservação de sua cultura, tanto do conjunto de seu patrimônio material e imaterial. Foi na região central da cidade onde surgiu o primeiro núcleo de colonização e o aparecimento das primeiras edificações. Ao longo do tempo, é modificado o modo de vida das populações, surgindo novas necessidades que influenciam uma nova organização espacial das sociedades urbanas. O novo modo de urbanização, o avanço econômico e a especulação imobiliária muitas vezes negligenciam a presença dos patrimônios históricos, podendo até considerá-los como obstáculos ao progresso.

A evolução da estrutura física e atividades econômicas presentes no munícipio de Criciúma influenciaram e são dependentes dos aspectos sociais de sua população. O surgimento do núcleo central da Vila de São José de “Cresciúma” esteve associado a implantação da primeira capela e a venda dos excedentes agrícolas. Por meio da interação entre seus elementos, é formado um marco cultural, econômico e social. Por isso Oliveira e Milioli (2014, p. 111) afirmam que o conhecimento dos parâmetros históricos do município é fundamental para “reconhecer a espacialidade e como se desenvolve nas suas expansões e modos de produção e sobrevivência, e reconhecer as culturas tradicionais”.

A pesquisa visa compreender a importância da preservação das edificações históricas e suas relações com a paisagem urbana na área central da cidade, analisando a consciência da população criciumense quanto a sua contribuição para manutenção da identidade e memória cultural, concluindo até que ponto os espaços públicos contribuem para a valorização da vida das cidades. O estudo justifica-se na necessidade da compreensão da importância da preservação das edificações históricas, desempenhando o seu papel simbólico e integrador das atividades da cidade.

Para permitir o conhecimento profundo sobre a relação dos processos de identidade entre os espaços públicos e sua paisagem urbana, foi utilizado como método o estudo de caso, utilizando pesquisas bibliográficas, observações simples e entrevistas semiestruturadas na Praça. As entrevistas foram realizadas com uma amostra de 30 pessoas, onde foram apresentadas duas imagens individuais de edificações existentes na Praça Nereu Ramos, verificando se o usuário às reconhece e às localiza, a fim de verificar o entendimento que os sujeitos possuem sobre a importância da preservação das edificações históricas como elementos constituintes da memória e paisagem urbana da cidade.

Relação entre patrimônio cultural e memória urbana

O espaço urbano é o local onde ocorrem as produções sociais, culturais e econômicas de uma determinada cidade. É produto único de uma criação coletiva, por diferentes grupos sociais que interagem e criam novas experiências, e desenvolvem processos históricos e culturais. Está sempre em processo de construção e reconstrução, e é devido este ciclo que se formam os patrimônios culturais. Ou seja, o espaço urbano é formado pelo conjunto de características e funções formado pela construção social, que se dá num determinado local ou cidade (COPATTI; OLIVEIRA, 2016).

O patrimônio cultural é constituído por objetos físicos e dimensões simbólicas de um determinado espaço. O patrimônio cultural é construção coletiva, criando elos de memória e identidade aos grupos sociais participantes. Carvalho conceitua que patrimônio cultural:

[...] diz respeito à sua construção física - prédios, monumentos, edificações, acervos arquitetônicos- edificada em um determinado tempo e espaço, e à dimensão simbólica das diversas formas de agir, sentir e viver dos grupos sociais enquanto membros partícipes de uma comunidade: os ofícios e manifestações populares tradicionais, a gastronomia, as artes populares, o artesanato, os quais estabelecem processos de identificação e vinculação comunitária em relação a uma dada cultura.(CARVALHO, 2010, p. 17)

A preservação do conjunto dos patrimônios culturais é importante por se constituir de elementos físicos que contam as suas histórias, onde os cidadãos se identificam, se reconhecem e se vinculam à cidade.

É a partir do estudo dos componentes do patrimônio cultural de uma cidade, que se caracterizam como espaço de memória e história de seus moradores.  Copatti e Oliveira (2016, p. 51) consideram que a cidade é “compreendida como monumento, como documento e ‘lócus continuum de cultura’, onde natureza, construção material, símbolos e significados e representações se constroem em diversidade e em harmonia”. A harmonia aqui referida não é constante, por ser fruto de um trabalho dinâmico e de interrelações na cidade também é formada por conflitos, desenvolvidos por disputas sociais, políticas e econômicas.

A reunião dos elementos culturais-históricos de uma determinada cidade também é seu espaço emocional e de memória, que produzem significados próprios para cada indivíduo. O reconhecimento de símbolos instiga o sentimento de integração e de pertencimento ao lugar e acabam por estimulando a proteção dos marcos históricos pela sociedade.

A cidade é fruto de seu patrimônio cultural, e sua sociedade é fruto de sua memória. Tudo está vinculado. A preservação do patrimônio cultural de uma determinada sociedade influencia na continuidade de sua história, memória e identidade, pois é a partir dela que é transmitido os saberes e fazeres às outras gerações. Portando, a preservação da memória de um espaço garante a continuidade da construção dos sentidos e identidades de um grupo. Para Gastal:

As diferentes memórias estão presentes no tecido urbano, transformando espaços em lugares únicos e com forte apelo afetivo para quem neles vive ou para quem os visitam. Lugares que não apenas têm memória, mas que para grupos significativos da sociedade, transformam-se em verdadeiros lugares de memória. (GASTAL, 2002, p.77).

Neste sentido, a memória urbana é formada pela apropriação e coletivização do patrimônio cultural de uma comunidade local. Portanto a memória é ao mesmo tempo coletiva e subjetiva. As constantes interações ao longo do tempo produzem transformações em cada sujeito, modificando suas percepções de sociedade e cultura. Estas transformações também influenciam na modificação do espaço, agregando novas memórias e identidades.

Memória cultural e cidades

O conceito de memória é identificado como um conjunto psíquico com capacidade humana de conservar informações. Para Le Goff (2003, p. 469), “a memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje”. Portanto, a memória é construída de acordo com as experiências e vivências sociais de uma pessoa, e é por meio dela que se relacionam e promovem os sentimentos de identidade e pertencimento.

Neste contexto, a memória é caracterizada como um elemento social, sendo desenvolvida por meio das pessoas, lugares e dos acontecimentos. Mesmo a memória sendo individual e particular de cada um, sua formação é concretizada no meio coletivo, pertencendo ao seu grupo social.

A cidade também pode ser caracterizada como construção histórica, em constante evolução entre tempo e espaço. A transformação espacial ocorre por meio das modificações dos ambientes construídos, sendo no espaço urbano onde se estabelecem as relações entre o antigo e o novo. A memória e o conjunto de significados relativos à cidade fazem parte a cada um de seus indivíduos, sendo que a memória coletiva está representada nas ruas, bairros, cidades e conjuntos arquitetônicos.

Partindo do conceito de cidade como construção histórica, Halbwachs (2006) identifica três tipos de memória urbana. O primeiro tipo de memória detectado é a memória eventual, característica de locais onde ocorreram um acontecimento emblemático, como um evento de guerra, revolta, ou manifestação. Estes acontecimentos importantes são relembrados constantemente pela população somente por estarem nestes lugares.

O segundo tipo de memória é chamado de memória coletiva de grupos, para Halbwachs (2006) é nela que guardamos lembranças de lugares familiares, é através dela, que quando caminhamos por uma rua antiga temos a sensação de aconchego. Portanto é dentro de um contexto espacial que produzimos as lembranças coletivas. A preservação das memórias é de importância fundamental para a formação das identidades particulares quanto coletivas.

O terceiro tipo de memória urbana é a memória monumental, caracterizados por construções que carregam vestígios e lembranças do passado. Jadelet (2002) faz uma crítica à eficácia dos monumentos como forma de representação de uma memória, pois eles podem ser elementos significativos a uma população do passado, mas que podem não representar uma população do presente.

A preservação da memória urbana é uma tendência nova nas cidades brasileiras, percebendo uma tentativa para a valorização pelo passado. Isto ocasiona a busca pela preservação de lugares de memória. Segundo Nora (1993, p.22), os lugares de memória são locais que representam a identidade de uma cidade, e possuem importância material, simbólica e funcional. Possuem “a função principal de parar o tempo, bloquear o trabalho do esquecimento, fixar um estado das coisas, imortalizar a morte, materializar o imaterial”. O problema dos lugares de memória é a criação e recriação de local como uma obrigação de preservação de uma cultura que já estava esquecida. 

Porém, as análises das cidades não são realizadas somente nas suas dimensões culturais e históricas. A contemporaneidade e a pós-modernidade também são objetos de estudo, de forma a compreender as modificações sociais e culturais de seus habitantes. O desenvolvimento da tecnologia implicou em uma transformação brusca do estilo de vida das pessoas, resultando em algumas problemáticas nas cidades.

Neste contexto, a rapidez das informações acarretou em uma uniformização de suas referências culturais, gerando cidades homogêneas, sem elementos que representem sua identidade e história, acarretando em espaços sem sentido aos seus grupos sociais. Jodelet (2002, p.33) explica que este fenômeno somado com a individualização das pessoas produzem modificações nas relações das cidades com seus habitantes e espaços físicos.  A autora afirma que isto “dificulta a criação dos laços sociais e o estabelecimento de relações simbólicas com os outros, ao menos em sua forma atual”.

Nos tempos atuais está ocorrendo a falsa busca pela significação de imagens e objetos. Para Gonçalves (2007), a construção de monumentos, deve ser realizada em conjunto com a comunidade, com discussões coletivas pela correta recriação de significados, de acordo com os sentimentos e práticas do lugar. “Ao se monumentalizar um espaço urbano, por exemplo, para dar-lhe um significado preestabelecido, corre-se o risco de esse significado não ser apropriado pela população” (GONÇALVES, 2007, p. 30). Deste modo um monumento somente se torna um símbolo se este traduzir a identidade e apropriação para um grupo social.

Desta forma, o processo de significação de espaços, transforma-os em lugares, tornam possível a construção da identidade urbana, e com isso, identificar os elementos espaciais de importância histórica que devem ser preservados. As identidades urbanas são formadas por elementos que representam e dão sentido a cada época desenvolvida em um determinado lugar. Portanto a preservação de sua identidade implica na preservação da cultura e história de um povo, característica importante para preservação de valores e signos de um espaço.

A Praça Nereu Ramos: aspectos históricos

Criciúma foi fundada em 1880 com a vinda de imigrantes italianos, que vieram se instalar na Vila de São José de Cresciúma, território onde inicialmente viviam os índios Laklaño, Kaigangs e Guaranis (OLIVEIRA; MILIOLI, 2014). Primeiramente o núcleo possuía como principal economia a atividade agropastoril. Devido a distância do núcleo a grandes centros urbanos, os excedentes da produção eram comercializados na própria vizinhança. Por estarem localizados na confluência das estradas coloniais, estes espaços se transformaram também em lugares de trocas sociais, por serem pontos de encontros entre os colonos, que se reuniam para conversas.

Os primeiros traçados e caminhos do núcleo colonial foram influenciados pelo curso do rio Criciúma, no local onde hoje está instalada a Praça Nereu Ramos. O rio influenciou a organização espacial do núcleo, conformou as primeiras ruas e se transformou em um signo norteador dos caminhos, e que participava ativamente do cotidiano individual e coletivo da sociedade (ADAMI, 2015).

O núcleo passa a ser denominada de Distrito de São José de Cresciúma em 1892, o que acarretou na necessidade de instalação de vários equipamentos públicos para realização das atividades socio administrativas. Os equipamentos foram instalados no local da atual Praça e em suas proximidades, contribuindo para consolidação deste espaço como o mais importante do Distrito. Entre os equipamentos instalados ao redor da futura Praça, está a Igreja São José, que influenciou aquele local como o ponto mais importante da vila.

O descobrimento do carvão em 1913 e a construção da Estrada de Ferro Dona Teresa Christina em 1919, acarretou no início da modificação da atividade econômica do Distrito. A indústria carbonífera provocou mudanças drásticas na paisagem do município como um todo. Segundo Adami (2015) junto com a indústria carbonífera vieram as aberturas das minas, construção das vilas operárias, caixas de embarque, a Estação Ferroviária, Casa do Ferroviário; e ainda o início da degradação ambiental da região devido à grande quantidade de rejeitos provenientes da atividade.

A década de 1930 é caracterizada por diversas transformações em sua área central. Nesta época a Praça Nereu Ramos começa a ser construída, com a demarcação dos caminhos, jardins e plantio de árvores. A construção da Praça transformou o modo com que a população se apropriava do local. O Distrito já emancipado e o rápido crescimento econômico oriundo da indústria carbonífera contribuíram para conformação do pequeno povoado no entorno da Praça Nereu Ramos, com aparecimento de várias residências e estabelecimentos comerciais e de serviço (fig. 1). Nesta época a Praça já tinha se transformado no principal espaço urbano do município e local das trocas sociais entre os moradores, simbolizando sua importância social, econômica e cultural para a cidade. Era neste local onde ocorreu os mais importantes fatos históricos do município, contribuindo para formação da sociedade criciumense.

 Figura 1-Praça Nereu Ramos (década 1930), Fonte: Arquivo histórico municipal.Figura 1-Praça Nereu Ramos (década 1930), Fonte: Arquivo histórico municipal.

É na Praça onde ocorre a representação do poder financeiro da elite criciumense, por meio da ostentação nos prédios e de suas transformações para almejar o poder e a modernidade. A afirmação da elite criciumense no espaço urbano central também influenciou em modificações no rio Criciúma. Foram realizadas obras de “retilinização” e canalização do rio e de seus afluentes, tratando o rio como um ser indesejado, um esgoto que somente traz sujeira, poluição e odor desagradável. Estas obras resultaram no desaparecimento da relação do rio com a paisagem urbana do centro.

A Praça Nereu Ramos também passou por diversos processos de transformação ao longo de sua história. O coreto ao lado da Catedral foi demolido para dar lugar a um estacionamento. Ainda no ano de 1946 foi construído bem no alto e no centro da Praça Nereu Ramos o Monumento aos Homens do Carvão. Sua localização privilegiada, bem no coração da cidade, representava o trabalhador mineiro como um membro superior da sociedade, valorizando-o como um símbolo histórico e cultural de pertencimento e identificação (NASCIMENTO, 2006).

O crescimento rápido da indústria carbonífera trouxe a vinda de grande quantidade de trabalhadores a região. Por não possuírem nenhuma relação com os elementos da paisagem do município de Criciúma, a sua falta de identidade contribuiu na intensificação das mudanças no espaço urbano central. De acordo com Adami (2015, p. 106) “quando a paisagem não apresenta significado, não há um vínculo por parte das pessoas que convivem com ela, consequentemente está se torna apenas o local em que se desenvolve as atividades cotidianas”.

Os poucos casarios existentes foram rapidamente substituídos por sobrados da tipologia Art Déco. Estes edifícios possuíam em seu pavimento térreo o uso comercial, e nos pavimentos superiores o uso residencial. As novas edificações provocaram um adensamento urbano aquele espaço, que diferentemente das casas coloniais, foram implantadas sem afastamentos laterais e frontais, o que provocava uma estruturação e limitação à rua, criando uma maior interação entre os espaços privados e os espaços públicos.

A década de 1960 ficou caracterizada pela crescente expansão urbana da cidade, e a diversificação industrial. O carvão deixa de ser símbolo de progresso, e a sociedade criciumense busca uma modernização urbana, e para isso, nega tudo que remete à cultura do carvão, apagando aos poucos as suas marcas.

Dentro deste contexto, começa a se desenvolver na cidade a indústria da construção civil. Ao longo do tempo, a paisagem da cidade é modificada pela implantação de altos edifícios na região central, que contrastam com os antigos sobrados de dois pavimentos. Estas transformações provocaram a perda do significado e importância dos edifícios de tipologia Art Déco frente a paisagem da Praça Nereu Ramos. A implantação de edifícios com maiores gabaritos no seu entorno, e recobrimento das fachadas por grandes placas publicitárias modificaram a relação entre a paisagem urbana e os elementos físicos da Praça, alterando a forma com que os usuários se relacionam e percebem o espaço.

Dentre as transformações do espaço urbano central, a mais significativa é a transferência do Monumento aos Homens do Carvão do seu espaço central de destaque para um local adjacente à Praça. Em seu espaço vazio, é construído em 1971 uma fonte luminosa com um chafariz, sendo desinstalado em 1990.

Na década de 2000 ocorre o rápido crescimento da indústria da construção civil e expansão imobiliária. No centro e nos bairros de seu entorno, a paisagem é modificada pela rápida verticalização de seus edifícios. A especulação imobiliária provoca no espaço urbano central, a demolição de edificações com importância arquitetônica e histórica, construídas entre as décadas de 1950 e 1960, substituídas por conjuntos de salas comerciais ou edifícios.

A negação ao patrimônio cultural e aos espaços públicos centrais proporcionaram o esquecimento da população quanto as edificações históricas existentes na cidade. O calçamento em petit pavê (fig.2) pôde ser considerado uma das marcas identitárias da cidade de Criciúma, mas atualmente encontra-se em uma situação precária, devido à falta de manutenção e cuidados tanto pelos moradores quanto pela administração municipal.

Figura 2- Colocação Petit Pavê na Praça (década 1960), Fonte: Arquivo histórico municipal.Figura 2- Colocação Petit Pavê na Praça (década 1960), Fonte: Arquivo histórico municipal.

Ao longo da década de 2010, a cidade passa por uma nova reforma urbanística. As ruas de diversos bairros da cidade receberam a implantação da rede de esgotamento sanitário, e construção do canal auxiliar do Rio Criciúma, passando pela extensão da Praça Nereu Ramos e ruas de seu entorno. Em conjunto com as obras de infraestrutura da cidade, ocorreram a substituição dos elementos urbanísticos da reforma do final da década de 1970, com a renovação do mobiliário urbano, e retirada do pavimento em petit pavê, substituído por blocos de concreto intertravado (fig. 3).

Figura 3-Praça Nereu Ramos (2019), Fonte: Acervo pessoal.Figura 3-Praça Nereu Ramos (2019), Fonte: Acervo pessoal.

A Praça Nereu Ramos: o patrimônio cultural como fomento da memória e identidade urbana

A leitura da paisagem urbana foi realizada pelo inventário fotográfico, observações e entrevistas semiestruturadas realizadas ao longo da Praça Nereu Ramos.  As transformações ocorridas com o passar dos anos na paisagem urbana da Praça influenciaram no modo de identificação e significação dos bens culturais presentes. A valorização do patrimônio cultural somente é possível com o conhecimento dos elementos representativos de significado social ou histórico aos seus moradores.

Questionados sobre “O que você pensa sobre patrimônio histórico?” foi possível perceber que os Criciumenses reconhecem a importância do patrimônio histórico para a preservação da cultura e história de uma população, como é visto nos seguintes relatos:

“Acho importante a preservação histórica de elementos da cidade. É interessante ver a evolução dos anos e saber que esses elementos fazem parte do crescimento de onde vivemos”, diz um entrevistado. “Acho que é de grande importância para manter viva uma história da cidade, para ser recordado momentos importantes do passado, onde tudo começou, onde tudo passou a tomar forma e virar o que é nos dias de hoje. É a raiz de uma cultura”, diz outro.

Para alguns entrevistados, o conjunto de patrimônios históricos de uma cidade possui relação com a memória e com o tempo vivido de sua população, sendo garantia para sua preservação às gerações futuras. “Por ser um bem material que serviu para uma determinada comunidade deveria ser mais utilizado para expor e mostrar sua história. Penso que é importante manter alguns patrimônios para serem lembrados o porquê da sua existência pelas outras gerações”.

O espaço urbano somente é compreendido se seus usuários possuírem relações com sua forma e uso, e ainda, possuírem algum sentimento de significado e memória. Os espaços das cidades são constituídos pela relação constante entre natureza e história. A cidade é qualificada pelas suas estruturas físicas, representados pelo conjunto de sua forma, os seus edifícios, ruas e praças. Magalhães (2002, p.29) salienta que a cidade é mais do que somente bens materiais, ela é história, é a representação de sua cultura, onde a população se apropria e significa. “O valor do espaço urbano está na confluência da forma com o uso e, a partir daí, dos significados que pode chegar a ter, sempre variáveis ao longo do tempo e em acordo com a cultura que os produz”.

A preservação do patrimônio cultural de um lugar é indispensável para a permanência da memória e identidade de uma população, possuindo relevância não só para a vida do presente, mas também para o futuro dos cidadãos, formando cenários para novas histórias. “A garantia da cidade como patrimônio se encontra, assim, através das imagens construídas socialmente: o significado e a memória que tem para a população” (MAGALHÃES, 2002, p. 33). Um objeto só irá fazer parte da memória urbana de uma pessoa, se este fazer parte de sua vivência, de seu cotidiano, e para isso é necessário que o objeto seja preservado e que ainda faça parte de um lugar.

Sabe-se que os centros urbanos são o ponto de partida da origem das cidades, construídos através de suas estruturas físicas e simbólicas. Para Santos (2012) os elementos espaciais do passado (monumentos, espaços públicos e edifícios antigos) interagem com os hábitos contemporâneos, e permitem a compreensão dos processos de produção, práticas sociais e culturais da cidade. As distintas paisagens urbanas construídas ao longo dos processos de desenvolvimento do centro tradicional contribuem para a manutenção da memória social dos seus moradores.

Figura 4- Você compreende a Praça como portadora de importância histórica para a cidade? Fonte: elaborado pela autora.Figura 4- Você compreende a Praça como portadora de importância histórica para a cidade? Fonte: elaborado pela autora.

 Na fig. 4 nota-se que a grande maioria dos entrevistados afirmaram que compreendem a Praça Nereu Ramos como local de importância histórica para a cidade de Criciúma. Questionados se saberiam contar a história da origem da Praça e do porquê de ela ser considerada importante para a cidade, vários entrevistados sabiam contar a história de forma sucinta.

Aos entrevistados também foram apresentadas fotos de dois edifícios presentes na Praça Nereu Ramos: a Casa da Cultura Neusa Nunes Vieira 2 e o Edifício Filhinho. O edifício da atual Casa da Cultura possui grande importância cultural a cidade. O edifício foi construído para ser a sede da Prefeitura Municipal, e desde então, já abrigou diferentes órgãos públicos, podendo destacar o Fórum (1944); Câmara Municipal (1946), FUCRI (1972) e Casa da Cultura (1987). Atualmente é administrada pela Fundação Cultural de Criciúma e abriga o Arquivo Histórico Municipal Pedro Milanez, setor de Patrimônio Histórico e Galeria de Arte.

Para a edificação da Casa da Cultura foi mostrado uma foto atual (fig. 5) e realizado perguntas (fig. 6 e 7), a fim de verificar se os entrevistados saberiam contar um pouco sobre a história da edificação, analisando a importância da edificação frente a sua memória e identidade individual e coletiva.

 Figura 5- Casa da Cultura (2019), Fonte: Acervo pessoal.Figura 5- Casa da Cultura (2019), Fonte: Acervo pessoal.

 Figura 6- Você saberia me contar a história desta edificação? Fonte: elaborado pela autora.Figura 6- Você saberia me contar a história desta edificação? Fonte: elaborado pela autora.

Figura 7- Você acha que esta edificação é importante para a cidade? Fonte: elaborado pela autora.Figura 7- Você acha que esta edificação é importante para a cidade? Fonte: elaborado pela autora.

Mesmo possuindo ao longo dos anos diversas funções municipais, a grande maioria não soube contar a história que o edifício da Casa da Cultura possui. Entre as respostas afirmativas, seus relatos foram vagos, o que demonstra a falta de valorização e conhecimento que a população criciumense possui com a sua própria história.

Sobre a importância da preservação do edifício da Casa da Cultura e de todos seus pertences históricos, um usuário relata que “A casa da cultura deve abrigar muitos pertences históricos importantes sobre a difusão da cultura da nossa cidade. Assim como em museus, esse acervo conta a nossa história, a evolução da nossa cidade, a vinda de nossos antepassados e o que eles fizeram para torná-la o que ela é hoje para nós”.

As edificações públicas desempenham um papel importante na paisagem pois tem uma função para todos. Embora tenha funcionado a prefeitura, fórum, câmara, e uma fundação educacional, foram estas funções públicas que a memória individual absorveu. Para os entrevistados mais jovens ou que não viveram na cidade neste tempo, foi mais difícil absorver essa edificação como elementos de paisagem. Isso quer dizer que a memória abarca preferencialmente aquilo que foi vivido.

A fim de verificar a compreensão e percepção da paisagem urbana da Praça Nereu Ramos, foi escolhido uma edificação de importância histórica, e que ainda preservasse as suas características arquitetônicas, e ainda fosse de fácil identificação. Para este exemplo, foi escolhido o Edifício Filhinho 3, construído na década de 1940, e que funcionou até os anos 2000 o famoso ponto de conversa e encontro: o Café São Paulo.

Para isso, foi apresentado uma foto do Edifício Filhinho do ano de 1944 (fig. 8). Quando apresentado a foto e perguntado se os entrevistados reconheciam e localizavam a edificação na Praça Nereu Ramos, 46,66% responderam que não se lembravam.

 Figura 8- Edifício Filhinho (1944), Fonte: Arquivo histórico municipalFigura 8- Edifício Filhinho (1944), Fonte: Arquivo histórico municipal

 Entre os que não reconheciam o edifício, também tinham aqueles que confundiram-no com outro edifício presente na Praça, por possuir características arquitetônicas semelhantes, e que também abrigava outro café famoso, o Café Rio.

Esta edificação está localizada na esquina da Praça Nereu Ramos com a rua Conselheiro João Zanette. Pela fig. 9 é possível perceber que o térreo deste edifício encontra-se totalmente descaracterizado pela abertura de grandes vitrines, possuindo grandes placas publicitárias que escondem parte de sua fachada, e suas características arquitetônicas.

Figura 9- Edifício Filhinho (2019), Fonte: Acervo pessoalFigura 9- Edifício Filhinho (2019), Fonte: Acervo pessoal 

Sabe-se que a paisagem urbana é um lugar construído através da história do homem, e onde foram deixados traços, memórias de uma atividade produtiva, sinais de infraestruturas, monumentos arquitetônicos ou espaços. “Não há nenhuma parte da cidade e do território em que não se encontrem os densos traços do passado, mesmo naqueles mais recentes” (SECCHI, 1985). Estes aspectos afetam e condicionam decisivamente os processos de crescimento e de transformações das cidades, do território e da paisagem.

A compreensão e percepção da paisagem urbana pelos sujeitos é realizada por meio da identificação dos marcos urbanos, que são as referências que cada indivíduo possui da cidade. Para Landim (2004) os marcos urbanos são criados através de processos ao longo do tempo, relacionados com a nossa percepção, memória e inteligência. Um problema recorrente em muitas cidades é o encobrimento das paisagens urbanas e edificações históricas por elementos visuais, que escondem da vista de todos os cidadãos os elementos presentes. A enorme quantidade de símbolos e imagens dispostas principalmente nas edificações comerciais, atrapalham a leitura e compreensão da paisagem urbana, transformando os centros de diversas cidades em locais homogêneos e idênticos.

Os edifícios localizados na Praça Nereu Ramos e no seu entorno, como é o caso do Edifício Filhinho e tantos outros, apresentam grandes placas de publicidade e propaganda, encobrindo grande parte, ou até mesmo toda a extensão de suas fachadas. Esta técnica de publicidade esconde os elementos arquitetônicos dos edifícios, encobrindo a sua verdadeira linguagem, levando a descaracterização dos lugares. A paisagem uniforme das fachadas encobertas transformam os espaços públicos da cidade em locais não-simbólicos chamados por Augé (2005, p.77) de não-lugares. Uma pessoa pode estar em qualquer rua e em qualquer lugar, podendo gerar o desapego, e dificultando a apreensão dos lugares.

Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não-lugar. [...] a supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos e que, contrariamente à modernidade baudelairiana, não integram os lugares antigos: estes, repertoriados, classificados e promovidos a ‘lugares de memória’, ocupam aí um lugar circunscrito e específico.(AUGÉ, 2005, p. 77).

A Praça Nereu Ramos é um formador de “urbanicidade”, conceituado por Magalhães (2002), por ser lugar de integração entre o social e o urbano. Os espaços públicos possuem a característica de fortalecer a diversidade de usos e de usuários democraticamente em um mesmo local, repercutindo na criação da memória coletiva e da cultura. Isto é fundamental para o reconhecimento histórico do coletivo, sendo que “a sua permanência/preservação reforça uma identidade coletiva e é, intrinsicamente, uma força positiva” (MAGALHÃES, 2002, p.39).

Levando-se em consideração esses aspectos, a Praça Nereu Ramos, como exemplo de espaço público para a cidade de Criciúma pode ser considerada um símbolo de vida coletiva, fornecendo a oportunidade de trocas sociais entre seus indivíduos e grupos, proporcionando o encontro e sendo referência à história e memória. 

Considerações Finais

Este trabalho pretendeu investigar o processo de apropriação e identidade de lugar que a população de Criciúma possui quanto a importância da preservação dos espaços públicos e paisagem urbana da Praça Nereu Ramos. É de fundamental importância reconhecer as diversas formas de culturas presentes em uma cidade. Os bens históricos pertencentes ao conjunto do patrimônio cultural valorizam a sua história e cultura, e ajudam a ensinar os fatos, acontecimentos e modo de vida de uma dada sociedade para as futuras gerações.

As edificações em conjunto com outros simbolismos urbanos, como os monumentos, espaços públicos e privados como a igreja, o clube, o cinema, os bares e cafés constroem a paisagem urbana do entorno da Praça Nereu Ramos, e traduzem a identidade cultural de Criciúma. A Praça se transformou em um símbolo do encontro e convívio, utilizado como local de passeio no período diurno.

O patrimônio histórico cultural criciumense ao longo do tempo, vai perdendo sua identidade e memória, seja pelo descaso do poder público por falta de leis e fiscalização, o desinteresse pela proteção pela própria população, ou ainda pela desvalorização cultural frente aos proprietários e inquilinos dos imóveis com importância histórica.

Pode-se perceber a falta de interesse para a preservação dos conjuntos arquitetônicos Art Déco e Eclético que ainda sobrevivem no espaço urbano central. Este patrimônio histórico e cultural, com o passar do tempo, foi se remodelando e se descaracterizando. As construções mais antigas foram sendo substituídas por novas, ocasionando em uma heterogeneidade nas edificações, com diversos estilos arquitetônicos. Na paisagem da Praça e do seu entorno é ainda possível perceber alguns exemplares de edificações da década de 1940, edifícios revestidos de azulejos da década de 1970, e construções na linguagem atual.

Um exemplo de elemento tradicional característico do centro de Criciúma é o petit-pavê. O petit-pavê ou pedra portuguesa é um material utilizado para a pavimentação, com grande facilidade de montagem e manutenção, instalado por meio da compressão das pedras, sem utilização de cimento. Foi utilizado a partir de 1977 na pavimentação de todas as calçadas do espaço central, incluindo a Praça Nereu Ramos, formando desenhos em comemoração ao centenário da cidade.

O grande problema da presença desta pavimentação no espaço urbano central é a sua colocação inadequada e a falta de manutenção. Portanto, é visível a necessidade da valorização do conjunto da paisagem urbana e seus patrimônios culturais existentes no espaço urbano central, restaurando e protegendo os elementos significativos e de identidade para a permanência de sua história e cultura.

Almeja-se que essa pesquisa possa contribuir para os estudos relacionados à paisagem urbana da Praça Nereu Ramos. A falta de conhecimento da população pela própria história pode ser recuperada pela educação patrimonial. A educação patrimonial pode ajudar no reconhecimento do valor da preservação do bem cultural, dos seus espaços públicos, marcos, monumentos e arquiteturas, incentivando a população a interagir com a sua história, identificando os seus símbolos e identidades. Será somente através da educação e consciência que a população reconhecerá a relevância do patrimônio cultural, e aí sim poderá protegê-lo.

Referências

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Notas: 

1 - Artigo baseado em Dissertação de Mestrado

2 - No início do século XX, foi no local onde hoje se encontra a Casa da Cultura, a instalação da primeira capela de Criciúma. Em 1928 é iniciado a construção de um sobrado para abrigar a primeira escola do município, o Grupo Escolar Lapagesse. Este sobrado é demolido para que em 1943 fosse inaugurado a edificação existente hoje, para ser a sede da Prefeitura Municipal. O edifício passou por reformas em 1984, quando teve toda sua fachada externa revestida em granito. A edificação foi tombada como patrimônio histórico da cidade pelo decreto municipal nº 815/SA/2003.

3 - O edifício Filhinho se encontra numa das esquinas famosas da Praça Nereu Ramos. Construído na década de 1940, leva este nome em homenagem ao filho do proprietário, Abílio Paulo Filho. O prédio possui linguagem Art Déco, com platibandas para esconder os telhados embutidas, e marquises e forte marcação da esquina, indicando a preocupação da época com os passeios e os pedestres.

 

Grasiele de Costa Scarduelli 

Mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC, 2018). Especialista em Arquitetura, construção e gestão de edificações sustentáveis pela Faculdade Unyleya – 2018 e arquiteta e urbanista pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC, 2016). Tem experiência em projetos arquitetônicos residenciais e comerciais. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1407-0486  

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Teresinha Maria Gonçalves 

Pós Doutorado em Naturaleza Espacio y sociedade pela Universidad de Chile (UCHILE, 2015). Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR, 2012) e Mestre em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP, 1989).  Docente da Universidade do Extremo Sul Catarinense, no Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais (mestrado e doutorado) e no curso de Psicologia. Dirige o Laboratório de Pesquisa sobre Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Psicologia Ambiental. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0719-607X  

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Como citar:

SCARDUELLI, Grasiele de Costa;  GONÇALVES, Teresinha Maria. A Praça Nereu Ramos: o patrimônio cultural como fomento da memória e identidade urbana. 5% Arquitetura + Arte, São Paulo, ano 15, v. 01, n.19, e124, p. 1-23, jun./jun/2020. Disponível em: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/uncategorised/a-praca-nereu-ramos-o-patrimonio-cultural-como-fomento-da-memoria-e-identidade-urbana

 

Submetido em: 2019-12-23

Aprovado em: 2020-06-23

 

 

 

 

 

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