Poemas inacabados de R. Roldan-Roldan
R. ROLDAN-ROLDAN
Autor de 42 livros publicados: romances, novelas, contos, teatro, poesia, epistolar, reflexões. Três desses livros foram premiados na Itália. Dessas 42 obras, duas são em francês, uma em espanhol, uma em inglês e o restante em português. Como curiosidade, vale a pena ressaltar que ele destruiu seus primeiros cinco livros depois de publicados. Nascido na Espanha. Criado no Marrocos. Formação francesa. Cidadão brasileiro. Infância conturbada. Separado dos pais. O pai num país. A mãe, num outro. E ele num terceiro país. Perseguição política. Extrema pobreza.
Dez anos presos numa cidade-estado pelo fato de a família ser apátrida. Gerente numa multinacional, larga tudo para se dedicar à literatura em tempo integral. Passa fome, literalmente falando. Mas liberto e feliz, compulsivo e obsessivo, mergulha de corpo e alma na criação literária. Apaixonado pela arte em geral, seus temas e obsessões vão da identidade, ao silêncio, passando pelo exílio, o sexo, a liberdade, a política, o cinema, a música e a metalinguagem. Costuma dizer que um poema nunca está terminado, daí o detalhe de seus poemas acabarem como “Inacabados”. Sobre sua voracidade literária, alega que é um escritor da alma aos testículos.
K57 Nas áridas planícies...
Nas áridas planícies
Da Ásia Central
Procurei no sexo o que o Amor me negou
Das gretas da terra ferida
Brotavam tufos de ervas secas
Vãs tentativas da solitude
De contornar a solidão
Silvava o vento da desolação
E os ossos rangiam nos ninhos da alma
E caminhei errante poeta claudicante
Com um sonho roto na mochila
Ter uma família normal
Com o amor da esposa e dos três filhos
Um pouco como o poeta visionário do Áden
Antes de partir
[inacabado 19-03-24]
K58 Exilado na infância...
Exilado na infância
De Perrault e dos irmãos Grimm
Percorri os ergues da adolescência
E chegando a uma hamada
Numa caverna me instalei
Onde como um jovem Jerônimo
Contemplei dançar as esculturas do Silêncio
[inacabado 22-03-24]
K59 Sob céu nublado...
Sob céu nublado
Coroado pelo círculo dos corvos
A Tristeza vestida de folhas de outono
Enveredava pela estrada de terra
E ia desfalecer
Quando foi sacudida por intensa luz
Iluminando o Falo Imperial da posteridade
A sua frente erguendo-se potente
A instar-lhe prosseguir a vida com a Alegria
Assim a Tristeza se levantou
Sorrindo
Como Cabíria no final do filme de Fellini
[inacabado 24-03-24
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Como citar:
ROLDAN-ROLDAN, R. 5% Arquitetura + Arte, São Paulo, v.01, n.26, e218, jan./ jun. 2024. Disponível em: Poemas inacabados de R. Roldan-Roldan (arquitetonica.com)
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