A criação de uma plataforma de conversação arquiteto-cliente

Categoria: Ciências sociais aplicadas: Arquitetura Imprimir Email

CELSO CARNOS SCALETSKY

CASSIUS RIGHEZ

Resumo

Este artigo reflete sobre o uso de uma plataforma para estimular a conversação entre arquiteto e cliente na construção do programa arquitetônico. Busca-se compreender as necessidades objetivas e subjetivas do futuro usuário do projeto. Esta pesquisa partiu de uma revisão não sistemática da literatura realizada nas bases de dados da CAPES e EBSCOHust. A partir das palavras chave "Programa Arquitetônico", "Programa de Necessidades" e seus homólogos em inglês "Architectural Programming", "Program of Requirements", entre outros, encontrou-se importantes conceituações sobre o tema, sendo que a interação arquiteto e cliente ainda é bastante focada em reuniões e entrevistas.

Neste artigo, busca-se encontrar formas de potencializar a interação entre estes atores por meio de uma plataforma de conversação. Reflete-se sobre o uso de cultural probes, ou sondas culturais, proposto por Gaver e William (2004). Como uma sonda, ela é enviada ao cliente para coletar informações objetivas e subjetivas sobre um grupo social. A aplicação das sondas culturais foi feita com três duplas de arquitetos e clientes. O material coletado, mais entrevistas com os sujeitos participantes, foi transcrito e analisado segundo a técnica análise de conteúdo. Ao final, apresenta-se os principais resultados da pesquisa e como este instrumento pode servir como plataforma de conversação arquiteto-cliente.

Palavras-chave: Programa Arquitetônico. Conversação. Cultural Probes. Sondas Culturais.

1       Introdução

Moreira e Kowaltowski (2009) comentam que durante a criação de um projeto arquitetônico, o programa tem grande relevância para direcionar o arquiteto a entender e organizar todos os dados e indicações que o cliente vai fornecer acerca do que ele quer para seu projeto. Hassanain; Juaim (2013) colocam que existe uma grande dificuldade para o usuário expor suas demandas e limitações, por parte do profissional, em compreendê-las. Portanto, há grande complexidade na interpretação de todas essas informações e, ainda, os desejos e emoções que o cliente não consegue externalizar durante as reuniões iniciais.

A construção de um programa arquitetônico está ligada à ideia de um "problema de projeto", ou como a literatura internacional define um "design problem". A palavra design, aqui, é usada no seu sentido mais amplo e não como uma área profissional. Este trabalho fez parte de uma pesquisa que procurou refletir sobre novas abordagens de conversação que possam existir na relação projetista - cliente e que auxiliem na construção do programa arquitetônico, reunindo as necessidades objetivas e subjetivas do futuro usuário do projeto. Pesquisas recentes discutem complementar o processo de projeto com etapas de análise pré-ocupação. No estudo de Shen; Xiaoling (2012), verificou-se que a interação dos usuários com o ambiente simulado virtualmente poderia auxiliá-los no entendimento do projeto e contribuir para que lançassem observações e necessidades mais precisas.

Durante o processo de projeto, Dorst (2003) aponta que os problemas, em geral, partem das necessidades, objetivos e propósitos relatados pelos clientes. Nesse sentido, cabe ao profissional rastrear, tomar nota e examinar todas essas referências para então lançar uma resposta coerente e dar seguimento ao processo. O mesmo autor, no entanto, deixará evidente que a característica aberta e mal estruturada dos problemas de projeto torna difícil para os projetistas trabalharem neste "terreno pantanoso", usando a metáfora empregada por Donald Schön (2000). Ao aceitarmos o conceito proposto por Dorst de uma "co-evolução do problema de projeto", onde o par "problema-solução" co-evolui, a ideia de construção de um programa arquitetônico parece, igualmente, uma tarefa quase impossível. Se o problema de projeto não existe ou não é bem estruturado no início do processo, como seria possível identificar as necessidades do usuário, objetivas e subjetivas? Nesta pesquisa, testou-se a ideia de uma plataforma para promoção de conversações entre arquitetos e clientes que possam auxiliar a responder à questão acima formulada.

A coleta de informações dos usuários dá o suporte para as futuras tomadas de decisão do profissional. Tomando por base que os clientes têm desejos e intencionam alcançar determinados objetivos, torna-se substancial a observação e apreensão de suas demandas e anseios para a elaboração do programa arquitetônico. A utilização de métodos ou modelos durante a abordagem do programa arquitetônico pode facilitar sua construção e melhorar a compreensão dos requisitos do usuário. Almeida e Jantzen (2011) realizaram estudos acerca de método projetual e afirmam que o emprego de métodos auxilia na obtenção de projetos que atendem seus objetivos de forma mais adequada. No mesmo sentido, Hassanain; Juaim (2013) sugerem que o desenvolvimento de procedimentos ordenados traria contribuições ao processo de construção do programa arquitetônico. A utilização de métodos não deve ser confundida com esquemas ou modelos rígidos e fechados que poderiam ser confundidos com um "passo a passo" ou uma “receita de bolo". Métodos de projeto estão ligados às diferentes estratégias e contextos projetuais. Assim, não se acredita que existam métodos universais que atendam a todos em todas as situações de projeto.

É notório que cada pessoa está inserida em uma conjuntura cultural única, o que pode interferir em suas demandas e anseios. Estratégias que possam estimular a conversação de modo a favorecer o entendimento sobre o cliente e encontrar informações mais precisas são bem-vindas para a prática profissional. Uma ferramenta utilizada para registrar intenções dos usuários e inspirar novas ideias é o cultural probe ou sondas culturais (GAVER, WILLIAM W. et al., 2004). Nesta pesquisa, partiu-se do pressuposto de que adaptado e aplicado na construção do programa arquitetônico, esse instrumento pode facilitar e tornar mais assertivo o processo de projeto. Propõe-se a aplicação da sonda cultural na forma de uma plataforma para estimular o processo de conversação entre o arquiteto e seu cliente.

2       Conversação arquiteto-cliente

Durante a elaboração do projeto de arquitetura, é necessário passar por algumas etapas para agrupar informações e lançar suas bases iniciais. Pinto (2013) dá destaque ao programa arquitetônico e o situa como a primeira ação que deve ser desenvolvida no projeto.

Segundo Cook (1991) a palavra chave que pode definir programa arquitetônico é "informação". Envolve o processo de coleta de informações específicas sobre os fatores humanos, físicos e externos que podem influenciar o projeto. O programa informa as necessidades tanto do projetista como do usuário. Importante citar que neste trabalho o autor sugere que o programa deve expressar as necessidades e desejos do usuário. A ideia de um "programa de necessidades" seguidamente é adotada, permanecendo os desejos mais subjetivos ocultos em meio a planilhas de metros quadrados, mobiliário ou layouts. Como colocam Stevens; Petermans; Vanrie (2014), desenvolver o processo focando em descobrir o que é mais importante para o usuário traz contribuições favoráveis para ampliar a satisfação subjetiva.

Para o Instituto dos Arquitetos do Brasil (2017), o programa arquitetônico constitui-se por um registro de informações que abrange os requisitos e necessidades dos usuários, além de compreender dimensões, qualidades, acabamentos, prazos e recursos. Não é difícil compreender que o programa exerce grandes influências na elaboração do projeto arquitetônico, que trarão repercussões na qualidade do projeto final.

Em 1994, Silvio Burrattino Melhado, escreve uma tese sobre a qualidade do projeto na construção de edifícios (1994). Para o autor, a atividade de projeto deve ser vista enquanto um serviço. A qualidade passa por uma correta coleta de informações e, estas, não partem necessariamente do arquiteto projetista. Para o autor, deferia-se incluir um enfoque multidisciplinar neste processo que construiria um "banco de tecnologia construtiva". A proposta de Melhado avança no aspecto multidisciplinar e abre um importante espaço para processos de gerenciamento do projeto. Como coordenar equipes multidisciplinares, seus tempos e formas de produção diversas?

Em 2002, T.M. De Jong e D.J.M. Van Der Voordt coordenaram a edição do livro "Ways to Study and Research Urban, Architectural and Technical Design" (2002). No capítulo 28, Piet Guyt e Edward Hulsbergen discorrem sobre o programa de projeto urbano e o dividem em quatro aspectos que este deve abordar: o tipo de assentamento, os elementos do programa, as funções e as incertezas inerentes a todo o processo. Entre as pesquisas que os autores propõem realizar para a construção do programa é comentado observações, entrevistas com pessoas chave e discussões com os clientes. Arquitetos e Urbanistas sempre pensaram no usuário final de seus projetos sendo entrevistas e reuniões uma prática consolidada nas etapas iniciais de construção do programa. O que a pesquisa que este artigo propõe não é negar a importâncias dessas ações e sim procurar meios de provocar a aparição de novos insumos por meio de uma técnica imaginada nos últimos anos por Gaver (2004). No mesmo livro, capítulo 29, Theo van Der Voordt e Herman van Wegen trazem um aporte que relaciona os pontos de partida do projeto com os desejos dos usuários. Os autores questionam como traduzir em um programa de necessidades ou brief os desejos e requerimentos. Será proposto um modelo circular dividido em programação, projetação e construção. O modelo circular já indica uma visão menos linear e que pode reposicionar o projeto de acordo com sua evolução, ou co-evolução, como proposto por Dorst (2003). Este modelo deixa diversos espaços que podem ser ocupados por técnicas visando facilitar a conversação entre arquiteto e cliente.

Nos últimos anos, observa-se uma busca por parte da comunidade acadêmica da área da Arquitetura em melhor compreender a relação entre arquiteto e cliente (usuário). Duas dissertações de mestrado e uma Tese de Doutorado merecem destaque.

A primeira delas, de Mariana Soldan Hugo, é intitulada "A construção do problema projetual: métodos e abordagens do design centrado no humano para a arquitetura" (2015) não faz uma especial relação com o tema programa arquitetônico. Porém, ela é importante para mostrar uma possível aproximação entre teorias e métodos de Design com a Arquitetura. Design e Arquitetura (enquanto áreas de conhecimento) possuem inúmeros pontos de convergência acadêmica - profissional. Mesmo não sendo esta a discussão deste artigo, importante ressaltar que inúmeras teorias e métodos de Design podem ser úteis para a Arquitetura, e vice-versa. Esta aproximação é parte do interesse que esta pesquisa procurou investigar.

A Tese de Doutorado de Michele Caroline Bueno Ferrari Caixeta – “O usuário e o processo de projeto: co-design em edifícios de saúde” (2015) - igualmente vai em uma direção semelhante à proposta de Hugo (2015). O foco da autora recai nos processos de co-design em projetos de edifícios de saúde. Em processos de co-design o usuário não é visto "apenas" como um informante, mas como um ator que participa ativamente do processo projetual. Manzini, ao abordar este tema (2017) e, a partir do pressuposto de que todo ser humano tem a capacidade "design" de raciocinar, conceitua o que chamou de "designer difuso" e "designer especialista". Enquanto o primeiro é dotado de dons que caracterizam o ato projetual (criatividade, crítica e senso prático) o segundo possui treinamento específico para potencializar tais capacidades. Diversas outras referências tradicionais à área do Design (enquanto área do conhecimento) aparecem no trabalho de Caixeta, como o modelo do duplo diamante de Davies e Wilson, autores ligados ao tema co-design como Sanders e Stappers ou mesmo Moritz em relação ao Design de Serviços. Em relação a participação do usuário no projeto, a autora da tese citando Wulz (1986 apud CAIXETA, 2015, p. 107), comenta sobre a existência de dois extremos na área específica da arquitetura. Em um extremo o arquiteto que toma todas as decisões, em outro o usuário que projeta e constrói sem a presença do arquiteto. O trabalho de Caixeta, demonstra com clareza a importância de envolver o usuário no projeto de arquitetura.

A terceira referência trazida é a de Jeferson Bunder (2018). Bunder buscou investigar em obras de pequeno porte, "a capacidade do arquiteto em lidar com o processo técnico gerencial [...] com as interferências subjetivas e emocionais de seu cliente" (p. 22). O pesquisador constrói um diagnóstico apurado da relação entre o projetista e o cliente e irá propor diversas adequações às normas que regem o processo de projeto. Muitas destas são vistas como inadequadas ao contexto atual. A pesquisa de Bunder reforça a necessidade da academia em propor novas estratégias que possam aproximar as necessidades e desejos do usuário com as intenções próprias ao projetista.

Estes três trabalhos demonstram o interesse acadêmico em melhor compreender a relação arquiteto - cliente e propor estratégias para que esta comunicação seja feita de forma produtiva, visando principalmente atender aos desejos do usuário final da obra arquitetônica. Nesse sentido, percebe-se um espaço fértil para a construção de métodos de projeto focados no usuário, como no caso das sondas culturais.

A revisão da literatura sobre o tema "Programa Arquitetônico", demonstra que muitos avanços estão sendo construídos no que se refere a participação mais ativa do usuário final. A maneira como irá acontecer essa participação na conversação e a riqueza de informações que forem trocadas, poderá influenciar no conteúdo do programa arquitetônico. Percebe-se que o desenvolvimento do programa arquitetônico tem como componente essencial a conversação que ocorre entre o arquiteto e o seu cliente . Toda a conversação coloca os integrantes a disseminar possíveis cenários a partir de um assunto introduzido por um deles e aceito pelo outro (MARCUSCHI, 2007). Além da conversa verbal, para o participante que busca coletar informações, é interessante atentar a outras manifestações paralinguísticas que o interlocutor esteja produzindo, como gesticulações com as mãos, olhos e deslocamentos do corpo, como coloca Marcuschi (2007), que podem complementar a comunicação.

Um estudo realizado por Kraft; Nique (2002), utilizando os conceitos de Gerald Zaltman, revelou que o pensar se manifesta por meio de imagens interpretadas pelos sentidos humanos, associando expressões verbais com não-verbais. De acordo com Schön (2000), a conversa em conjunto com desenhos, exerce função significativa para o desenvolvimento do projeto de arquitetura. Muitas atitudes são tomadas pelas pessoas sem que elas tenham clareza sobre o que as levaram a agir daquela forma. São atos rápidos, feitos de forma natural, mas que apresentam grandes dificuldades para serem retratados. Tais situações são caracterizados por Schön (2000) como “conhecer-na-ação”, onde é necessário observar a ação para compreender o ato. Em alguns casos, a compreensão só é possível a partir do entendimento do que foi realizado durante ação, o que vai permitir que se possa refletir-na-ação (SCHÖN, 2000).

Com materiais dispostos na conversação, que poderiam ser as sondas culturais, cada participante pode assumir uma parte na atuação conjunta e descobrir as surpresas, ou mesmo, resultados que as interações suscitaram. Para Lesnovski (2017), artefatos utilizados em conversações exercem um papel que vai além de objetos, tendo como atuação de agentes, consolidando e harmonizando as interações.

3       Sondas Culturais como plataforma de conversação

Ao aceitar-se o pressuposto de que a conversação é parte essencial da construção de um programa arquitetônico e que esta pesquisa buscou refletir sobre estratégias projetuais como facilitadores do pensamento, propõe-se a ideia de uma plataforma que facilite esta conversação. Plataforma, aqui, é usada no sentido de algo que serve de base para a construção do programa e que, ao mesmo tempo, "joga" elementos que possam estimular a criação projetual. Uma plataforma possui, assim, elementos bem definidos e outros menos. Não se quer, nem se deseja, ter o total controle sobre "onde" as ideias irão germinar a fim de garantir o necessário espaço à criatividade. Em 1999, Bill Gaver, Tony Dunne e Elena Pacent (1999) escreveram sobre uma nova ferramenta chamada "Cultural Probe" ou "Sondas Culturais". Uma sonda cultural é um conjunto de elementos projetados e agrupados em um kit. O objetivo deste kit é funcionar como uma espécie de sonda enviada para um grupo social para o qual se está desenvolvendo algum projeto. Como uma sonda espacial que é enviada para um planeta e que retorna informações para a Terra, esta sonda cultural é projetada, enviada para alguém e depois retorna para quem a projetou. A sonda geralmente possui um caráter lúdico. A ideia é que a pessoa que a recebe possa manipulá-la de forma intuitiva, pouco formal. O objetivo desta sonda, segundo a ideia original de seus autores, não é o de recolher informações precisas, quantificáveis. O que a sonda cultural "coleta" deve necessariamente ser interpretado pelos projetistas, não sendo esperado que ela revele uma verdade inquestionável. Para Gaver e seus colegas, a sonda cultural deve ficar restrita a um artefato inspiracional. Normalmente, as sondas seriam utilizadas em situações pouco familiares para os projetistas. Elementos bastante comuns nestas sondas culturais são cartões postais, registros fotográficos, diários e interfaces que o sujeito que as recebe irá preencher ao longo de um período de tempo determinado. Cartões postais não preenchidos podem ser criados para que uma pessoa construa uma narrativa de algo presente em seu ambiente natural. Esta estratégia, reforça o que foi comentado na primeira parte deste artigo em relação à construção de algo - um programa arquitetônico - em uma situação bastante mal definida e mal estruturada do problema de projeto.

Ainda de acordo com os autores, uma outra intenção da criação de sondas culturais refere-se a estreitar a relação projetista - usuário. No entanto, evita-se que ocorram dispersões ou desvios nos resultados provocados pelo investigador, uma vez que a ferramenta não precisa de sua presença contínua ao ser introduzida na rotina do usuário (CELIKOGLU; OGUT; KRIPPENDORFF, 2017). Rompe-se com uma estratégia tradicional de realizar entrevistas ou reuniões formais e propõe-se algo que seja fácil e prazeroso de ser executado. Assim, aspectos como a as qualidades formais da sonda cultural e mesmo pequenos presentes (canetas, bottons, imagens) poderão deixar o sujeito mais a vontade ao explicitar seus desejos de maneira satisfatória. Para Gaver, Dunne e Pacent, não se trata de analisar os resultados, mas de aprender com os sujeitos e, assim, melhor projetar algo que seja a eles pertinente.

Alguns anos mais tarde, o próprio Gaver (2004) realizará uma crítica à forma como a ideia de sondas culturais passaram a ser utilizadas, ou seja, enquanto elementos de análise, similares a questionários e entrevistas. Para Gaver, ao "racionalizar" o uso das sondas culturais, corre-se o risco de perder seus valores mais preciosos que são o trabalho com a incerteza, seu caráter exploratório e subjetivo. Neste artigo e na pesquisa que o originou (SILVA, 2019), buscou-se preservar a ideia original enquanto um elemento inspiracional. Por esta razão optou-se em usar a palavra plataforma, uma plataforma que sustenta conversações.

Para observar a pertinência do uso de sondas culturais como uma forma de promover a conversação arquiteto - cliente foram realizadas uma série de três experimentos. A equipe de pesquisa criou uma sonda cultural (Figura 1) preparada para uma situação de projeto de uma residência unifamiliar. Importante sempre ressaltar que não se buscava o projeto de "uma" sonda cultural. Parte da sonda eram figuras humanas, pedia-se para o usuário caracterizar cada morador (1).  As fichas em branco deveriam ser preenchidas com pequenos desejos e colocada na caixa dos desejos (2). O terceiro item (3) buscava, por meio de um cartão postal, que o cliente escrevesse para um amigo distante como seria a casa dos seus sonhos. A quarta atividade (4), oferecia diversas imagens em adesivo que deveriam ser escolhidas conforme o interesse do usuário e coladas numa folha branca. Sobre as imagens escolhidas, deveria ser colocada a transparência com um cubo (5) e escritas coisas que a pessoa gostaria de ter na casa. Por fim, um card que simulava uma tela de Whatsapp  pedia para enviar uma mensagem para um amigo contando uma situação boa (6) e uma situação ruim (7), que tivessem acontecido na casa na última semana. Cada arquiteto, em cada projeto situado, poderá criar a sua própria sonda, de acordo com sua maneira de ver o mundo, a arquitetura e o projeto específico que está realizando. Formou-se três pares arquiteto - cliente em três simulações de projetos de residência unifamiliar. A sonda foi apresentada ao arquiteto e depois enviada ao cliente. Este a preencheu em um período de uma semana. O arquiteto recebeu de volta a sonda e logo depois, uma reunião arquiteto - cliente foi realizada, tendo a sonda como objeto mediador entre os dois. A reunião foi filmada e depois realizou-se entrevistas em separado com o arquiteto e cliente. Uma análise de protocolo (GERO; NEILL, 1998) foi feita com todo o material produzido e os resultados são apresentados no item seguinte. Para análise das entrevistas foi utilizada a técnica análise de conteúdo (BARDIN, 2000). Todos os participantes assinaram termos de consentimento em participar da pesquisa.

Figura 1 – Sonda cultural desenvolvida pela equipe da pesquisa. Fonte: Os autoresFigura 1 – Sonda cultural desenvolvida pela equipe da pesquisa. Fonte: Os autores

 

4       Experimentação

A análise do material coletado (documentos, vídeos e entrevistas) demonstrou que, do lado do profissional, as sondas culturais aportaram um conhecimento prévio sobre o cliente, de modo que a reunião pode ser conduzida de forma assertiva. O arquiteto 1, por exemplo, disse não imaginar que fosse possível coletar tantas informações sobre a cliente em menos de uma hora de reunião.  Do outro lado, para os clientes, o preenchimento das atividades da ferramenta (Figura 2) possibilitou uma reflexão sobre seu dia a dia, relações familiares e ambiente onde moram. A cliente 1 relatou que quando começou a fazer as atividades, por diversas vezes, teve que parar para pensar no que de fato gostava e no que faria diferente. Já a cliente 2, desconhecia algumas preferências do filho pequeno. Ao chamá-lo para fazer a atividade das imagens, percebeu que ele escolheu figuras que remetiam a filmes e esportes. Ela imaginava que ele ainda gostava de desenhos, mas com as atividades, constatou que ele estava crescendo e mudando algumas preferências. A cliente 3 também teve um momento de aprendizagem quando foi fazer a atividade 1, que abordava a caracterização dos membros da família, e percebeu que não adiantava colocar mesa de estudo para os filhos nos quartos porque eles gostavam de estudar na mesa da sala, junto com todos. Estas "falas" demonstram um processo pouco controlado, onde aparecem elementos surpresa que promovem reflexões nos diversos atores em um processo de reflexão na ação como descrito por Schön (2000). Estes atores preenchem postais, fazem desenhos ou colam imagens e, assim, tangibilizam um conhecimento tácito. Esse melhor entendimento do seu próprio modo de viver, leva o cliente a relatar ao arquiteto intenções e desejos mais íntimos, contribuindo para a qualidade do programa arquitetônico.

Figura 2 – Sonda cultural preenchida pelo cliente. Fonte: Os autoresFigura 2 – Sonda cultural preenchida pelo cliente. Fonte: Os autores

Indo ao encontro dos objetivos das sondas culturais, os profissionais perceberam que temas e questões manifestaram-se em função das dinâmicas e respostas proporcionadas pela plataforma. A arquiteta 2 relatou que o fato de ter visto as atividades respondidas pela cliente antes da reunião teve grande importância para que ela pudesse se organizar para o encontro. Desse modo, ela sabia previamente as incertezas e interesses de sua cliente, podendo questioná-la sobre suas intenções. Esse cenário foi confirmado pela cliente 2 quando revelou que se surpreendeu como a arquiteta tinha entendido o que ela gostava e como fez perguntas pertinentes sobre essas preferências. Por exemplo, quando a arquiteta 2 perguntou se a cliente queria um espaço para deixar sapatos na lavanderia, em função da profissão do marido, ela sentiu que a profissional compreendia suas necessidades. A plataforma promove, desta forma, relações empáticas entre ambos atores. Por um lado o arquiteto consegue se colocar na posição do futuro usuário do espaço arquitetônico, por outro lado o cliente percebe que o arquiteto está compreendendo seus desejos.

O arquiteto 1 revelou que a atividade com as cartas de imagens indicou um "tipo" de espaço da residência desejado pela cliente, neste caso varandas. Estas imagens não tinham um caráter catalográfico, como um "menu" de opções. As imagens propositalmente eram menos diretivas e buscavam compreender aspectos mais abertos como uma atmosfera "intimista ou expansiva".       

Nas conversações entre arquiteto - cliente, percebeu-se que com o uso da sonda cultural o arquiteto pode traçar o perfil do cliente, tipos de espaços e o próprio estilo arquitetônico a ser utilizado no projeto. Foi possível perceber na análise dos vídeos e entrevistas que os clientes expressaram de forma intuitiva o cotidiano de suas famílias. Intuição nesta pesquisa é vista como um processo cognitivo de tomada de decisões que demanda pouco esforço, é rápido e pouco controlado (KAHNEMAN, 2012). As sondas culturais proporcionaram questionamentos aos usuários levando-os a refletirem sobre suas "respostas", acionando o sistema associado à racionalidade. Racionalidade e intuição são dois processos cognitivos que andam juntos, não em oposição (KAHNEMAN, 2012).

Mesmo que o cliente não entendesse exatamente os estímulos que o levavam a escolher cada imagem, o profissional conseguia identificar a orientação dos seus interesses. A cliente 2 relatou que a atividade das imagens (Figura 3) exerceu um papel significativo no tocante à interpretação de seus próprios gostos. Ao observar as imagens, notou que algumas remontavam memórias e revelavam intentos que ele ainda não tinha conseguido expressar. Por exemplo, ao ver fotos de jantares, lembrava de pessoas que gostaria que fossem à sua casa onde as receberia.

Figura 3 – Cliente e arquiteta interagem sobre a atividade de imagens. Fonte: Os autoresFigura 3 – Cliente e arquiteta interagem sobre a atividade de imagens. Fonte: Os autores

 Embora dois dos arquitetos tenham tido uma experiência de reunião facilitada, de modo que conseguiram elaborar o programa arquitetônico alinhado e resoluto, uma das arquitetas teve percepção diversa e entendeu que alguns pontos relacionados a acessos e convivência íntima dos clientes precisariam ser melhor desenvolvidos.

Após a primeira aplicação e análise da experiência de uso, é natural que sejam identificadas necessidades de ajustes e aprimoramentos na ferramenta. Alguns arquitetos sentiram falta de informações sobre o terreno e seus condicionantes. Em função de as sondas culturais terem sido aplicadas em um exercício de simulação, não foi possível contemplar a gleba. Além disso, alguns arquitetos sugeriram incorporar atividades que abordassem requisitos de sustentabilidade, a fim de contemplar no projeto caso o cliente tivesse interesse. Toda a parte formal das sondas culturais recebeu atenção especial para tornar as atividades fáceis de compreender e atrativas para os usuários. Esse ponto foi destacado nas entrevistas, onde disseram que sentiam vontade de fazer as atividades porque eram "bonitas e organizadas".

Tendo observado todas as contribuições da ferramenta, é importante considerar o papel do arquiteto na condução do processo. As sondas culturais não constroem o programa arquitetônico por si só. A capacidade e o conhecimento do profissional são indispensáveis para a construção do programa arquitetônico. Com base nas direções apontadas pelas sondas culturais, compete ao arquiteto absorver as informações e montar o programa arquitetônico, não abstendo-se de fazer contribuições ausentes na ferramenta. Busca-se, com a plataforma, facilitar e enriquecer o processo de conversação entre arquiteto e cliente e, com isso beneficiar a construção do programa arquitetônico.

5       Considerações Finais

Após a aplicação das sondas culturais afloram algumas questões sobre a sua utilização e os efeitos que a ferramenta suscitou no processo de conversação para a construção do programa arquitetônico.

Nesta pesquisa, partiu-se da ideia de que o arquiteto deve apurar dados sobre seu cliente por meio de conversas para elaborar o programa arquitetônico (MOREIRA; KOWALTOWSKI, 2009) e, assim, estará qualificando o produto do projeto (SANOFF, 1977). Para tanto, propõe-se o conceito de uma plataforma de conversações, traduzida em uma ferramenta chamada sondas culturais. As sondas provocam reflexões nos clientes e estimulam o diálogo entre profissional e usuário, ampliando e qualificando as informações colhidas nas tradicionais reuniões. Ao longo do trabalho, verificou-se que as sondas culturais foram capazes de estimular debates e gerar novas temáticas nos encontros de arquitetos com clientes. Conhecimentos foram construídos na ação do cliente ao preencher os diversos elementos presentes no kit e serviram como base de conversação. Nesta conversação, novos experimentos surgem entre arquiteto e cliente, dando continuidade aos ciclos de aprendizagem propostos pela teoria de Donald Schön (2000).

A plataforma também atuou como elemento organizador do processo de construção dos programas arquitetônicos. Os arquitetos usaram as atividades da sonda cultural como guia para condução da reunião.  Ao provocar o usuário a pensar sobre seu modo de viver e se relacionar com seus familiares, lhes permitiu uma melhor compreensão sobre suas necessidades e desejos, levando informações mais completas ao profissional. Assim, foi possível perceber que as informações que as sondas culturais levaram ao arquiteto antes de ele se encontrar com o cliente, foram bastante importantes para o profissional saber os assuntos que iria abordar na reunião ao se aproximar do cliente. Mesmo considerando que estes dois atores não se conheciam antes da reunião, percebeu-se uma relação de grande empatia logo no primeiro encontro porque o profissional entendia o cliente e este era grato por tal reconhecimento. Por esse conhecimento prévio, o arquiteto não precisou fazer tantas perguntas e conseguiu qualificar o tempo de reunião. Além disso, todas essas informações que a ferramenta trouxe sobre o cliente, ficam arquivadas, possibilitando seu resgate nas fases seguintes em caso de dúvidas.

Ao longo da pesquisa, foram experimentadas algumas limitações referentes a recursos, tempo, perfil e quantidade dos grupos de entrevistados nos exercícios de simulação. Por isso, deve-se cuidar com qualquer generalização que extrapole o cenário estudado.

Em função de a plataforma também precisar ser projetada, o arquiteto deve elaborar suas sondas culturais de acordo com a aplicação e realidade dos usuários. Esse estudo não pretende lançar bases para o desenvolvimento de apenas uma sonda cultural, mas orientações para os arquitetos desenvolverem seus próprios materiais.

Novos estudos podem ser orientados para abranger condicionantes do terreno e interesse dos usuários acerca de tópicos sustentáveis, sempre que possível. Este trabalho buscou aplicar características lúdicas nas atividades objetivando maior interação e atratividade pelos usuários. Em um período de grande mobilidade na vida das pessoas, futuros estudos podem considerar a concepção de um aplicativo móvel para incorporar as sondas culturais.

Levando-se em conta as limitações da pesquisa, percebe-se que o estudo ofereceu suporte ao desenvolvimento do programa arquitetônico por meio da construção de uma plataforma de conversações. Mesmo que concentrando-se no residencial unifamiliar, as experimentações indicaram que as sondas culturais exerceram papel importante no vínculo entre arquiteto e cliente, provocando assuntos e estimulando o diálogo, suscitando melhores entendimentos sobre a família, configurando planos de abordagem e qualificando o tempo de encontro. Nesse sentido, nota-se o comportamento das sondas culturais como uma importante plataforma para estimular a conversação entre arquiteto e cliente e colaborar com a construção do programa arquitetônico.

 

Nota: Este artigo é resultado da Dissertação de Mestrado intitulada “Processo de conversação entre arquiteto e cliente para construção do programa arquitetônico residencial : o uso da ferramenta Cultural Probe”, UNISINOS, defendida em 2019.

 

 Referências

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MANZINI, Ezio. Design quando todos fazem design. São Leopoldo:Unisinos, 2017.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação [recurso eletrônico]. São Paulo: Ática, 2007.

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Minicurrículos 

 

Celso Carnos Scaletsky

Doutorado em Sciences de l’architecture no Institut National Polytechnique de Lorraine, França. (2003). É professor de diversos cursos de Graduação, Especialização e Masters em Design da Unisinos. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Design da mesma Universidade, atuando tanto no Mestrado como no Doutorado. É professor colaborador do Mestrado Profissional em Arquitetura e Urbanismo da Unisinos. Rrealizou seu Pós-doutorado no Institute of Design of the Illinois Institute of Technology, Chicago, 2014, trabalhando com o Professor Stan Ruecker e outros pesquisadores de diversos países (Canadá, Colômbia, Índia, Irã, China, entre outros).

Correio eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.                          

Link para currículo Lattes:  http://lattes.cnpq.br/6525779922201302

 

 

Cassius Righez

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Caxias do Sul (2016), e Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (2019).

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Link para currículo Lattes:   http://lattes.cnpq.br/7780963156504458

 

Como citar:

SCALETSKY, Celso Carnos; RIGHEZ, Cassius. A criação de uma plataforma de conversação arquiteto-cliente. 5% Arquitetura + Arte, São Paulo, ano 16, v. 01, n.21, e149, p. 1-17, jan./jul./2021. Disponível em: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/periodico-1/ciencias-sociais-aplicadas/em-barra-grande-pi

 

Submetido em: 2020-05-21

Aprovado em: 2021-05-08

 

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