Rabisqueiros
Leda Rosa van Bodegraven
Patricia Baker Upton
Roberto Strauss
Sérgio Zilbersztejn
Se fosse para resumir em uma frase, poderíamos dizer que "rabisqueiros" é um grupo de arquitetos formados pela FAUUSP (a maioria), que se reúnem uma vez por semana, em São Paulo, para desenhar. Mas é muito mais: é um estado de espírito.
Há um ano atrás, Leda Rosa Van Bodegraven e Patricia Baker Upton, formadas em 1981, resolveram chamar ex-colegas para se reunirem e voltarem a desenhar, algo que fez parte da vida deles, mas que estava esquecido, adormecido, parado, por diversas razões, entre elas, o uso intensivo do computador.
Cada um se expressa da sua maneira: lápis, grafite, pastel, aquarela, canetas, etc., e diversos papéis como suporte.
Desenhar por prazer (muito prazer) sem a intenção de se tornarem artistas plásticos profissionais.
Alguns são mais assíduos, outros nem tanto. Para alguns, é como se fosse uma terapia. Além de desenhar, reencontrar colegas que raramente se veem.
Os encontros ocorrem em padarias, bares, botecos, ou na casa de algum dos integrantes.
A partir das 18h00, mas nada rígido, as pessoas vão chegando e começando a desenhar: os objetos da mesa, as pessoas na sua frente, outras pessoas desconhecidas, a paisagem. Surgem trabalhos diferenciados pelos estilos e olhares, mas conectados pela visão de cada um.
Outros frequentadores desses bares (e os garçons) se interessam e observam curiosos. Crianças às vezes sentam na mesa dos "rabisqueiros" e desenham também.
Já aconteceu um encontro de "rabisqueiros" na praia, um fim de semana em Camburi, para desenhar. Já tem outro programado, "Um dia em Santos", ainda este ano.
O resultado dos trabalhos já foi exposto duas vezes: a primeira vez na Funarte, de 12 a 27 de maio de 2018, uma oportunidade de apresentar ao público a produção semanal do grupo.
Em julho, foi feito um convite pelos proprietários do Bar Balcão, onde aconteceu a segunda exposição, de 29 de agosto a 15 de outubro, desta vez com desenhos feitos no local.
O grupo conta hoje com 34 integrantes, sendo os frequentadores mais assíduos:
Geninho Galvão (formado em 1980 pela FAUUSP). Começou a desenhar profissionalmente e não parou mais de trabalhar com imagem, ingressou na publicidade nos anos 80 através da computação gráfica, trabalhou como artista 3D, animador, motion designer, produtor de efeitos visuais e diretor de comerciais. Hoje atua na área de produção de conteúdo produzindo efeitos visuais para séries de TV e cinema.
Guen Yokoyama (formado em 1980 pela FAUUSP). Seu primeiro trabalho foi na Rádio-TV Bandeirantes, sendo autor de abertura de telenovelas. Participou da coletiva de gravura, em 1980, no Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), em 1985, da exposição “Pintura e Tal”, no Museu da Arte Moderna (MAM-SP). Fez uma exposição de aquarelas na Projecta Galeria de Arte, SP, com Rachel de Almeida Magalhães e Flavio Bassani. Trabalha atualmente com design gráfico.
José Alfredo Queiroz dos Santos (formado em 1980 pela FAUUSP). Sócio do escritório GMAA onde desenvolve projetos arquitetônicos institucionais, industriais e de restauro do patrimônio.
Lêda Brandão (formada pela FAUUSP). Sócia do escritório Oficina de Arquitetura Ltda. onde desenvolve projetos de arquitetura. Trabalhou para a revista Projeto e desenvolveu serviços técnicos para escritórios de diversos arquitetos de ponta. Faz parte do grupo Urban Sketchers, realizou uma exposição individual na Atec Cultural São Paulo em 2016 e participou da mostra coletiva “O Desenho da Memória” no Instituto Brasileiro de Arquitetura de Porto Alegre em 2017.
Leda Rosa Van Bodegraven (formada em 1981 pela FAUUSP). Sócia da Larqtec, onde desenvolve projetos e gerenciamento de arquitetura, cenários e obras; trabalhou com joalheria artesanal, escreveu livros e cursos de gerenciamento. Nos anos 80 iniciou os estudos de aquarela com Rubens Matuck, pintura acrílica com Feres Lourenço e fotografia no laboratório da FAU com João Musa. Retomou em 2017 a aquarela com Guillermo von Plocki e escultura com Luis Bayon. É integrante do grupo Urban Sketchers.
Lúcia Carvalho (formada em 1984 pela FAUUSP). Foi cronista da Revista Morar, encarte da Folha de São Paulo, com a coluna "De quina". Cedeu a crônica “A gincana da Crônica”, publicada no caderno de Língua Portuguesa, 5ª série do Ensino Fundamental do 4º bimestre, Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, 2009. Como dramaturga, participou das Satyrianas de 2007, 2008 e 2009 e autora da peça “O crânio”. Foi entrevistadora na Rádio USP de 2010 a 2011 no programa “Franka em Cena”.
Lulu Defran (graduada em Artes Plásticas pela FAAP). Fotógrafa, trabalhou como fotojornalista na grande imprensa e no mundo corporativo durante mais de 30 anos. Hoje, faz retratos e fotos de joias. Trabalha também com estamparia manual e estuda desenho de superfície com o designer Celso Lima.
Marcia Halasz Richards (formada pela FAUUSP), estudou desenho, ilustração e pintura na Escola Panamericana de Artes. Trabalhou em Análise de Sistemas. Morou em Toronto, Canadá, onde fez curso de aquarela e pós-graduação em Análise de Negócios em Marketing. Durante as trocas de carreira e de país, pintou telas e fez aquarelas. No Brasil, trabalhou com Arquitetura e como Analista de Sistemas. No Canadá, trabalhou como Analista de Web, Analista de Inteligência e Analista de Pesquisa de Mercado. É integrante do Urban Sketchers de São Paulo.
José Roberto Marinho Bueno (formado pela FAUUSP). Também Zé Bueno ou Marinho. Se distanciou da arquitetura devido ao desincentivo de uma ex-professora e passou a trabalhar com temas como educação, saúde, espiritualidade e desenvolvimento humano. Voltou a desenhar aos 35 anos, quando conheceu a pintura Sumi-ê, através de uma professora alemã com quem passou a rabiscar e pincelar.
Patricia Baker Upton (Arquiteta e Designer formada em 1981 pela FAU-USP). Durante mais de 10 anos fez peças em cerâmica de alta temperatura (utilitários em torno) e nos últimos seis anos vem desenvolvendo trabalhos têxteis num contexto urbano (yarn bombing) e social (Hospital Pérola Byington). Está voltando a se dedicar à cerâmica, além dos "rabisqueiros" – este como uma atividade prazerosa, sem nenhuma pretensão artística.
Roberto Strauss, (formado em 1980 pela FAUUSP). Trabalhou como Arquiteto autônomo de 1981 a 1983, em projetos de edificações e projetos gráficos. Trabalhou como Designer Gráfico na EMPLASA, Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo SA, de 1983 a 1986. Trabalhou como Designer Gráfico colaborador no escritório Ferro, Lieders e Talaat, de 1987 a 1990. Desde 1990 trabalha como Designer Gráfico, em escritório próprio.
Rubens Tiezzi (formado em 1986 pela FAUUSP). Natural de Presidente Prudente, SP, onde iniciou suas primeiras atividades artísticas por inspiração de seu pai Virgilio, marmorista, orientado por Roberto Bertoncini, artista plástico e incentivado por Tiago Marcondes, arquiteto. Vem desde então trabalhando como arquiteto e urbanista.
Sergio Zilbersztejn (formado em 1982 pela FAUUSP). Trabalha como designer gráfico, tendo passado por escritórios de design e agências de publicidade. Hoje trabalha de forma independente. Desenhou muito na infância, mas pouco na adolescência. No período da faculdade voltou a desenhar, chegando a ter aulas com Rubens Matuck e Feres Khoury. Novamente deixou os lápis e cadernos de lado por muitos anos, voltando a retornar a desenhar com os "rabisqueiros".
Solange C.F. Villanueva Renault (formada em 1981 pela FAUUSP). Viveu no interior do Paraná até os 17 anos. Veio para São Paulo para estudar arquitetura e com a convivência na FAU despertou para a arte. Estudou desenho e aquarela com Rubens Matuck, desenho e gravura em metal com Sergio Fingerman e fotografia no laboratório da FAU, com João Musa e Cristiano Mascaro. Recentemente teve aulas de escultura com Luiz Bayon. Trabalha profissionalmente em arquitetura e design como sócia do A6 Arquitetura e Design.
Teresa A. S. Petrone Moreira (formada em 1981 pela FAUUSP). Trabalha desde a formação na área de construção civil, como coordenadora de projetos de arquitetura no escritório Itamar Berezin. Já se aventurou por pintura e gravura em metal entre outros e desde o ano passado voltou a desenhar nos encontros dos "rabisqueiros".
Valéria Barcellos. Psicóloga psicodramatista, professora de teatro espontâneo para alunos de especialização em Psicodrama. Além da clínica dirige Psicodrama Público há mais de 15 anos. Promove a descoberta do teatro e arte que se tem dentro de si próprio, quando constrói cenários como parte da dramaturgia. Quando criança frequentou o atelier da D. Hebe e na faculdade de psicologia teve aula com o Carlos Alberto Fajardo.
Posteriormente juntaram-se ao grupo: Birgit Vieira, Elaine Biella e Vânia Lewkowicz Katz.
E tem os que vem menos aos encontros semanais e outros que participam de alguma forma, às vêzes apenas nas "redes": Adriano Pantani, Christine Fonseca, Filipe Moreau, Gil Franco, Heloisa Finotti, Lulude Baliero, Miguel Buzzar, Monica Oberhuber, Paulo Morelli, Valderez Casella-Frota, Vânia Nalin Uehara e Xico Guedes.
E para 2019, quais são os planos?
Uns acreditam, alguns apostam e outros tem certeza: o grupo "rabisqueiros" continuará... desenhando...
Como citar:
BODEGRAVEN, Leda Rosa van; UPTON, Patricia Baker; STRAUSS, Roberto; ZILBERSZTEJN, Sérgio. rabisqueiros. Revista 5% arquitetura+arte, São Paulo, ano 13, volume 01, número 16, pp. 97.1 - 97.13, ago. dez., 2018. disponível em: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/magazine-1/arte/rabisqueiros
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