Duas faces da modernidade arquitetônica brasileira
Analogias e diferenças entre o Edifício Conde Matarazzo em São Paulo e o Ministério da Educação e Saúde Pública no Rio de Janeiro.
Palavras-chave:
Marcello Piacentini, Le Corbusier, Arquitetura moderna brasileiraResumo
Dentro do contexto histórico brasileiro, a palavra “regime” identifica geralmente os vinte anos da Ditadura Militar (1964-1984), período durante o qual a experiência da arquitetura moderna, que teve no Brasil uma duração mais extensa se comparada com outros contextos nacionais, já estava próxima ao seu término. Contudo, o Brasil vivenciou outra fase – também caracterizada pela presença de um governo de cunho autoritário – correspondente à Era Vargas (1930-1945), assim chamada em virtude de sua conexão com a atividade política do então Presidente Getúlio Vargas. Leader de um movimento político marcadamente nacionalista, Vargas promoveu numerosas iniciativas finalizadas à construção de uma identidade genuinamente brasileira; para atuar este propósito, o Presidente e seus Ministros trabalharam em diversos âmbitos, entre os quais há de ser incluída a renovação das ferramentas expressivas em campo artístico e arquitetônico. Dentro de um contexto político que coincidiu com a progressiva afirmação da arquitetura moderna no Brasil, culminada na fundação de Brasília (1957), serão aqui analisadas duas obras coevas e representativas de diferentes modernidades: o Edifício Conde Matarazzo em São Paulo (1935-1939) e o Ministério da Educação e Saúde Pública no Rio de Janeiro (1935-1943). O primeiro, financiado por um abastado empreendedor de origem italiana como sede administrativa de suas empresas (as Indústrias Reunidas Matarazzo), foi realizado de acordo com as diretrizes projetuais de Marcello Piacentini e contou com a presença, no canteiro de obras, de Vittorio Ballio Morpurgo, constituindo, assim, um interessante exemplo de arquitetura fascista fora da Itália. O segundo, construído por ordem do então Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema, apresenta traços característicos da lectio corbusiana do período purista, posição assumida pela equipe de arquitetos brasileiros encarregados pela execução do projeto e efetivada pela presença de Le Corbusier no papel de consultor.
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